Saudade de um Beijo
Saudade dos plátanos do lago, do mato,
do cheiro do verde molhado de chuva.
Lembrança de um beijo molhado de chuva
no meio do verde repleto de poças, de poças de água.
Respingos nos lábios, meu dedo em seus lábios.
Olhos nos lábios, olhos nos olhos.
Desejo que arde, saudade que dói,
chuva que chora o sentimento que bate e que molha,
as janelas da alma escorridas em lágrimas
e respiros constantes, nossos alto-falantes.
Lembrança de ontem nem tão distante
batendo no peito e arfando chamando.
Metade da lua no alto esperando
as metades dos lábios nossos o beijo beijando.
Escurece depressa e meus olhos vão se fechando.
Meus lábios tocam os seus e a lua é cheia e cheia.
Meu dedo desliza pelo seu queixo
juntando-se aos outros e a mão é inteira.
Levada ao seu rosto espalmada é ligeira,
molhada alcança a sua orelha e seus cabelos.
Saudade das gotas da chuva nos dedos,
meus olhos se abrindo encontrando os seus.
Meu peito se afogando no beijo molhado
parando o tempo e lavando minh’alma.
Saudade do beijo roubado, do lago,
da chuva caída, daquela
das folhas dos plátanos.
Reflexos da lua nas poças de água
respingando a memória onde nela não chove.
Lembrança, sim, chove, chove e chora
inundando de histórias um tempo vivido.
Por ele as lágrimas que vêm e vão embora.
Amor que transcende e que ninguém entende,
o hoje, o sempre quem já foi de outrora.
Mais forte a saudade, ela me transtorna
e sigo vivendo e não me conformo,
com a dor da vontade desse beijo de novo, agora!