Ballet
É a dança soprando
o tempo vencido.
Em rotações por segundo
abraça o mundo
guiando as idas e vindas
do espaço cingido.
Envolve nos passos
os giros da impaciência
resvalando nos saltos
a imprudência.
Despacha os cinco sentidos
os dilatando aos extremos
e possui a soberania
em cada um dos seus passos lentos.
Cai como orvalho
iludindo a resistência
e levanta reparando sequer
uma nuvem de poeira.
É a dança da beira,
tudo é tangente ante o repente
que a confronta o alheio.
Oprime e alivia,
compelida e estimulada,
os percalços do meio.
Permissiva desliza
juntando infinitos pontos,
imaculada no templo dos pequenos
espaços tamanhos.
Eixos que prometem sustentos
construindo pontes e arcos varridos,
consoantes com os pretextos trazidos,
ocupando espaços imperativos.
Necessidades irresistíveis.
É dança e é bela.
Das áreas restritas do globo é a esfera,
dos versos que a pantomima cala
são as expressões das atmosferas.
A sutileza enfunando a vida encostada,
atenta às condições de nuvens acasteladas.
Cultivadora compulsiva de gestos variáveis,
amáveis na dificuldade,
rompantes de humildade.