A ira de Deméter

Eis que Deméter derrama o pranto -

a sua Coré foi raptada

e para o seio da terra levada

pelo temível deus de espanto

senhor das sombras e do luto

cujo nome não deve ser dito

mesmo por um postulante aflito

o qual venera pluto.

Deméter sofre as dores

qual vivesse um novo parto

e junto ao seio farto

ausente o objeto de seus amores -

a Coré que amava o sol

e que vivia entre as flores

agora quem ouve seus clamores

aprisionado rouxinol.

Que morra então a terra

que feneçam as sementeiras

que as frutas derradeiras

sejam ceifadas pela guerra

e que o homem vague bruto

por um mundo de tristeza

onde não haja mais beleza

até que se pague o tributo!

(21-09-2009)