ARROGANTE VIDA

Por trás da arrogância veste a alma brejeira,

Do linho puro e barba apanhada a luz pouca.
Entre a bela espada e a força da pobre bengala,
Os antônimos se unem num só corpo que impera.
É o belo contido no feio, entremeio aos seixos,
onde guarda a farda garbosa o leito de infância.
Entre o velho comandante que reluz o poder,
E a criança que dorme seu futuro incerto,
Descansa imóvel o antagônico da vida,
Reis que dormem o medo da ignorância,
aos loucos cães que comem a sobra da vaidade.
Majestosa esta dúbia gravura inacabada,
Pois o fim remonta a existência, enquanto o meio,
Se define como um espelho de duas imagens.
É assim a vida de quem sonha a realidade,
E dorme o sono que acorda sob o dinheiro.
 
IMAGEM - Artista : Octávio campo