Flores
Levei-te flores para enfeitar a tua casa.
Levei-te narciso num vaso pequeno
para que desse forma ao teu vazio,
e fizesse lembrar-te de ti
naquele dia tão frio.
Levei-te também um lírio,
para a paz simbolizar.
Estava em um vaso maior
para, tu sabes,
a tua mudança se manifestar.
Cheguei com as rosas do amor
cada uma de uma cor,
para que escolheste,
em cada canto da tua vida,
qual seria a que subtraía
melhor a tua dor.
Entrei pela porta dos fundos
surpreendendo-te com uma orquídea,
para te demonstrar a raridade
dos sentimentos profundos,
que por trás de tua ansiedade
teimavam em desaparecer.
Olhava pela janela
se alguma insistia em te enfraquecer
e percebia que só tu eras quem podias
fazê-las crescer ou morrer.
Todas dei a ti, são tuas,
para que tua ternura
voltasse a ser como era,
como antes tratada, com esmero.
Todas dei a ti, são tuas,
para cuidá-las,
e para que competissem, entre si,
não em altura,
mas nos detalhes
da sinceridade a mais pura,
dizendo através de pétalas
qual perfume mais te traduzia
no teu cálido gesto de regá-las.