POEMA DE NINGUÉM

"...Meu poema mais verdadeiro

começo agora...

Sinto as letras agrupando-se firmes

Enquanto o meu olhar amante

acompanha a dança das frases...

É o meu encontro

com um coração descrente

e uma poesia dolorida ...

Já sei o que digo através

das mãos que não vacilam...

Uma nova cor transparente

que mata o negro

dos dias invisíveis e

tinge a tela

da inércia poética...

Me esqueci dos desvios

e ando em linha reta

pelas ruas dos parágrafos ...

Se for preciso ir embora

já tenho a minha direção

seguida pela companheira

fiel de mais de mil luas...

Vou com passos seguros,

lá, onde a poesia mora...

Onde as linhas não se acabam

e a inspiração não cessa...

Longe do tempo e dos tempos,

fragmentos e filamentos...

Numa ausência dos propósitos,

da imprevisível paixão,

do inopinado aconchego

e do tudo que desconheço...

Um leve abandono

ao passo seguinte

que marca o espaço solitário

desse poema de ninguém..."