Viagens
em pouco tempo
estarei de malas prontas pra partir
pra morrer
pra gozar
e fugir pelos templos europeus
sem nada comer e muito menos sonhar
um corpo que some
é uma vida que nasce
substituição imprópria do belo e importuno
obsceno
minhas viagens são obscenas
meu sexo é obsceno e vulgar
tua lua se reveza em atos bucólicos
e minha mala se quebra :
pratos de porcelana
fotografias antigas
roupas de brechó
discos de vinil arranhados
pedaços de papel esquecidos em mim
viajar...
onde estamos que fingimos felicidade?
viver é uma viagem?
brutal? insólita? ignorante?
nada é mais que uma canção de Caetano
na voz de Gal
e eu fico na estação esperando minha vez chegar
minha vida chegar
enquanto espero minha viagem psicodélica cessar
pois minha vida é um amontoado de bobagens
amontoado de esperas
amontoado de malas que nunca foram esvaziadas
e verdades que nunca foram ditas
O trem...
O trem...
eu perdi o trem...
e a mulher deu a luz ao meu lado...