GAZAL DA DESILUSÃO

Não me fale do Gazal, Ângela

Hoje; só quero ser feliz

Não mais quero saber de ilusão;

Morrer à míngua, tal qual Hafiz.

Quero despentear teus cabelos, Ângela

Te amar como sempre quis

Escrever no teu corpo minha prosa

Fazer você delirar e pedir bis.

A tristeza não vai me dominar, Ângela

Serei normal; jamais infeliz.

Naufragar na areia do cotidiano

Vai limpar da alma o pó de giz

Vou esquecer o Aurélio na gaveta, Ângela

Sufocá-lo, tal como o povo diz,

Acender uma vela no túmulo do Poeta

Para abrandar a ira do Hafiz.

Antonio Virgilio Andrade
Enviado por Antonio Virgilio Andrade em 20/05/2005
Código do texto: T18137