GAZAL DA DESILUSÃO
Não me fale do Gazal, Ângela
Hoje; só quero ser feliz
Não mais quero saber de ilusão;
Morrer à míngua, tal qual Hafiz.
Quero despentear teus cabelos, Ângela
Te amar como sempre quis
Escrever no teu corpo minha prosa
Fazer você delirar e pedir bis.
A tristeza não vai me dominar, Ângela
Serei normal; jamais infeliz.
Naufragar na areia do cotidiano
Vai limpar da alma o pó de giz
Vou esquecer o Aurélio na gaveta, Ângela
Sufocá-lo, tal como o povo diz,
Acender uma vela no túmulo do Poeta
Para abrandar a ira do Hafiz.