Amor matiz
Na canção, ontem ouvida, o amor se fez matiz
Quando o dia que era treva fez-se luar
Puro e verdadeiro, pôs-se tudo clarear, nessa
Louca mente vazia, nesse coração que jazia, tudo
Se fez dia, na magia desse teu meigo olhar.
Eu, que de amor nada entendia, fiquei a imaginar
Agarrei-o com unhas e dentes e logo conclui que
Toda dor da gente, mesmo que de repente, pode-se
Atenuar, se com fé e esperança a vida a gente amar.
Lentamente, no rádio tocando a canção continuava
Meu coração de amor transbordava, distante no tempo
Mas próxima do pensamento, sem tristeza ou lamento
Parecendo Ave Maria, em meio a calmaria, que no belo
Mosteiro de São Bento o monge feliz punha-se a cantar.
E na praça de amor florida, minha alma como pássaro
Voava, de rosa e avenca multicor, sentindo amor por
Ti eu falava, plantas do poeta sonhador, quero-te de
Qualquer jeito, para arrancar desse peito toda angústia
De dor.
Calada, tu me ouvias, prendendo a palavra na garganta
O silêncio falou mais forte, para minha grande sorte
Prendestes-me num abraço, beijastes-me no compasso
Como faz o beija-flor, fizestes de mim o que bem quisestes,
Exalando o perfume da flor, despida de pudor, tonta de desejo
Levastes-me ao paraíso divino onde só habita o amor.