Amor matiz

Na canção, ontem ouvida, o amor se fez matiz

Quando o dia que era treva fez-se luar

Puro e verdadeiro, pôs-se tudo clarear, nessa

Louca mente vazia, nesse coração que jazia, tudo

Se fez dia, na magia desse teu meigo olhar.

Eu, que de amor nada entendia, fiquei a imaginar

Agarrei-o com unhas e dentes e logo conclui que

Toda dor da gente, mesmo que de repente, pode-se

Atenuar, se com fé e esperança a vida a gente amar.

Lentamente, no rádio tocando a canção continuava

Meu coração de amor transbordava, distante no tempo

Mas próxima do pensamento, sem tristeza ou lamento

Parecendo Ave Maria, em meio a calmaria, que no belo

Mosteiro de São Bento o monge feliz punha-se a cantar.

E na praça de amor florida, minha alma como pássaro

Voava, de rosa e avenca multicor, sentindo amor por

Ti eu falava, plantas do poeta sonhador, quero-te de

Qualquer jeito, para arrancar desse peito toda angústia

De dor.

Calada, tu me ouvias, prendendo a palavra na garganta

O silêncio falou mais forte, para minha grande sorte

Prendestes-me num abraço, beijastes-me no compasso

Como faz o beija-flor, fizestes de mim o que bem quisestes,

Exalando o perfume da flor, despida de pudor, tonta de desejo

Levastes-me ao paraíso divino onde só habita o amor.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 23/06/2006
Reeditado em 24/06/2006
Código do texto: T181239
Classificação de conteúdo: seguro