O Arquiteto
São treze cantos assimétricos,
Dez velas radiais serradas,
Palavras intermitentes professadas,
Num centro de vetores tétricos.
Os portões estalam furiosos
Reverberando no infinito particular
As amarras, esferas de nomes gloriosos
Da tênue e condensada fé reticular.
O fluxo próximo estala
Numa alusão sideral titânica,
A luz quase foge da sala
Na visão da sobra adâmica.
O próximo segundo cobra:
Se minh’alma ao além se pende
Ou o arauto serve à obra
E minha vida se estende.
Neste ajuste tudo importa:
Do pensamento ao aparelho;
Do que é feito porteiro e a porta;
Do magista à cartola e o coelho.
É então que cessa a ciência vil
E num verbo surdo e genético
O leão poderoso e frenético
Se curva hesitante e servil.
Eis que cumpro a demanda,
Como quem cria um mundo
E com a obra já concluída.
Desfaço o vácuo profundo,
Mostro à quimera a saída.
Pois o sol já se levanta.