Notre Dame

Santa inteligência tacanha

que quanto mais apanha,

mais se mostra bisonha

nessa cara risonha.

Nascido burro,

feito a tapa e a murro,

sigo a minha sina

de ser o bobo da esquina.

O corcunda que ama Esmeralda

e que a incontinência obriga à fralda.

O sineiro da Catedral.

A face do Mal

etecétera e tal.

E, no entanto, avisto Acácias.

Sorrio, quando tu passas

e me comporto dentro do esperado:

sou o bonzinho retardado.

Alguns me chamam de Milagre;

outros, de filho do Padre.

Nada que me desagrade,

pois no fim, chamam-me de Compadre.

E assim vou indo.

Corcunda retardo

e leso do pensamento tardo.

E metido a poeta

como se a palavra

se desse a qualquer um ...

Não que Ela se me oferte.

Eu a roubo no dicionário

e construo certo hinário

que transporta o que não veem,

mas que sei que aqui tem.

O lápis me nivela,

algum som me revela

e tomara que a flor amarela

mostre-lhe que a fealdade

é de toda a Cidade.

Construimos muro e avenida,

mas matamos a vida.

Galopamos à toda brida,

mas é inútil toda investida.

Breve, estaremos de partida.

Algum deus anseia por nossa saída.