A NATUREZA COCHILA SOSSEGADA

Quietude das vozes que se calam

Desaparecidas no silêncio

Mansidão da falta de motivo

E da reta infindável das estradas

Paz do ser humano passivo

Em meio à enxurrada

De gritos e protestos repetidos

De certezas duvidosas

Silêncios das mulheres

Afogadas nas nervuras dos vestidos

Cicio de cigarras avisando

A porta de saída do estio

Sapos coaxam entre plantas aquáticas

E cobras penduram olhos

Espetam línguas no olho das estrelas

A natureza cochila sossegada

Nos braços leves dos ventos

E se balançam feições de mortos

No breu dos montes

O sol em pranto de fogo

Inunda folhagens e pensamentos

Na calçada do banco internacional

Dorme de fome a criança

Ao relento