poema ao contrário

sei: o que faço não é poesia.

o que se esfacela em mim

e se restaura em sílabas e motes

e parcas rimas

não se sente em mim,

me estranha

como chave antiga em aço escovado,

como o pó estranha o vidro desenhando caminhos

e digitais.

o que faço é qualquer algo de agonia:

um ato desprendido,

tosco...

como vidro fosco caminhado por dedos empoeirados,

como aço novo imantado,

guardando senha de cadeado, esperando...

demais.

Não é poesia,

não,

que nada sei de poesia.

Sei de dor

e amor.

Gina Girão
Enviado por Gina Girão em 13/09/2009
Reeditado em 29/01/2019
Código do texto: T1808800
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