poema ao contrário
sei: o que faço não é poesia.
o que se esfacela em mim
e se restaura em sílabas e motes
e parcas rimas
não se sente em mim,
me estranha
como chave antiga em aço escovado,
como o pó estranha o vidro desenhando caminhos
e digitais.
o que faço é qualquer algo de agonia:
um ato desprendido,
tosco...
como vidro fosco caminhado por dedos empoeirados,
como aço novo imantado,
guardando senha de cadeado, esperando...
demais.
Não é poesia,
não,
que nada sei de poesia.
Sei de dor
e amor.