Mitologia nos 50

Como Ares,

que por amor a Afrodite,

amarrado por Hefestos ficou;

sinto-me preso, mas noutra cadeia,

comendo da erva que Satã semeia.

Longe dos "Champs Elysée"

vivo sem saber o porquê.

Perambulo e tropeço,

qual bêbado possesso

que assiste a vida em retrocesso.

Porém, mercê de Atená,

entendo que aqui há

um misto de castigo e delícia,

de maturidade e primicia,

e que pouco me importa

a pergunta e a resposta,

pois sei que vencerei a prova diária

para que tenha a paz necessária.

Só me falta que o Jogo comece

e que a Sacerdotiza termine sua prece.

Logo após o clarim, iniciarei o combate,

pois sei que nos une

um nó que não há quem desate.

E que a eventual opinião contrária é só um disparate.

Coisa de quem não sabe amar,

pois acostumou-se a comprar

o afeto que não soube conquistar.

E então, Isabel,

é que me encorajo a lutar qualquer luta

e vencer toda força bruta;

e espantar qualquer carranca ou careta

para que no fim ouçamos

a nostalgia d'alguma retreta.

Coisa dos anos cinquenta.

A calma que em tudo se apresenta,

num eterno convite

para que se deixe de ser triste.