Lábios umedecidos de luares

A noite inclina em seu robusto espelho de silêncio.

E resguarda seu canteiro de almas, seu labirinto sobrenatural,

seu corpo verde-azul e terno preto.

O vento passa enebriado, mastigando horas,

circunvagando pelos granitos piramidais

bordando sua teia invisível.

No repiscar dos vaga-lumes

desfaz-se o arrulhar dos pombos

como o desfiar do dente de leão pela ventania.

E ao despertar da aurora

a névoa turva os olhos da claridade.

E meu espírito encrespado de rezas,

semeia ilhas,

edifica lábios umedecidos de luares,

soluça desbordar latente paixão.