Assim como os filhos, os versos são misteriosos ao entendimento
Quanto aos versos que se foram
Não são meus
Nem teus
Nunca foram de ninguém
Pertencem ao mundo de Deus
São deveras misteriosos
Às vezes simples
Ásperos, quase imundos
Espirituais e céticos
Haikais, minimalismo, textos épicos
Ei-los onde?
Ficaram no coração
Já não estão
Mais aqui, nem ali na estante
Como filhos que criamos
Sabendo que em breve, ofegantes
Nos deixarão num instante
Por uma jovem amante
Outras famílias constituirão
Entrego-lhes ao Supremo
Ao Senhor da criação
Meus lamentos vãos
Tomada de decisão, seus futuros
Suas vidas
Em preces ressentidas
Nas minhas noites mal dormidas