MÃEZINHA, QUERIDA!

Não bastassem
as maviosas mãos
qu'em minha pele 
acariciavam;
naqueles primeiros passos
tão quanto as pernas, ó mãe,
no coração me ensinaste andar

Nas primícias do alimento
em teus seios,
guardavas, em mim,
saudade intensa,
o conforto do teu ventre!

Ó mãezinha, querida!
Ó luz da minha vida!

Que palavras versejar
que idiomas dizer?
qual intérprete
explicar

tão meigo, livre e terno,

tão suave, tão grande, 

imensurável, amor!

Quanta vida em teu olhar,
sentimentos dirigidos,
sem palavras, para mim
simples gestos
a me dizer
o quanto eu era amado!

Não compreendia,
perdoa-me,
eu me perdia
em tanto amor
não compreender,
vi, contudo, nada sou
diante do tudo
que hoje eu sei
ó minha mãe
foste para mim.

A vida agora
faz sentido
porque me ensinaste
algo sobre o amor:
a incondicionabilidade,

o que não tem preço,
nem lugar, nem aparência
nem vergonha, é sem medida!

Onde estás, agora, ó mãezinha,
que não te vejo?
Porque não chamas
pelo meu nome,
nem mais te preocupas
por onde ando,

nem me traz aquele casaco

diante de tanto frio?

Não telefono, mãe,
porque não sei
o número daí no céu,
mas, como uma vez,
tu me ensinaste
falar com Deus,

eu faço agora
o que de ti eu aprendi:
fecho meus olhos
diante de Deus
faço oração, vejo de novo, ó 
minha mãe,
os olhos teus.

 

Foto: Autoral