A FLORADA DO JEQUITIBÁ MIMOSO

(DAMIEN PACHECO)




OUTUBRO CHEGA, ALEGRE, CHEIO DE ALGAZARRAS,
QUANDO SE OUVEM ESTRIDENTES AS CIGARRAS,
DA PRIMAVERA NUM FULGOR INSANO,
TRAZENDO PROMESSAS DO FINDAR DO ANO.


O JEQUITIBÁ MIMOSO COBRE-SE DE FLORES,
DE CÁLICES MINÚSCULOS, FRÁGEIS PENHORES,
A BRISA EMBALANDO OS RAMOS CARREGADOS,
CONTRA O AZUL DO CÉU, SUAVES, DESENHADOS.


NA BELA ÁRVORE QUE PLÁCIDA MURMURA,
CACHOS PENDENTES DE EXTREMA FORMOSURA,
DE FLORZINHAS LILAZES, TÃO GRACIOSAS,
EXPLODEM COMO DÁDIVAS PRECIOSAS.


A BELEZA DA COR DE INFINDA SUAVIDADE
DESPERTA RECORDAÇÕES DE DOCE SAUDADE,
NO RECESSO DA ALMA LEVE, ACALENTADA,
EVOCANDO CENAS DA VIDA JÁ PASSADA.


OS REMORSOS, AS DORES, QUEIXAS, FANTASIAS,
VIGÍLIAS, TROPEÇOS, QUIMERAS, ALEGRIAS.
SONHOS APAGARAM-SE, ILUSÕES SUMIRAM,
NÃO SE PODE FUGIR DAS SOMBRAS QUE FICARAM!


NA ALMA, COMO NO ESPAÇO, PASSA O VENTO,
PASSAGEIRO SUSPIRO DE UM SÓ MOMENTO,
LEVANDO UMA NUVEM DE PÉTALAS MACIAS
E UMA NUVEM DE LEMBRANÇAS TÃO TARDIAS!


NO RÚTILO SANGUE E OURO DO SOL POENTE,
SOBRE AS FLORES CAÍDAS, NO CHÃO, MANSAMENTE,
UMA SOMBRA PROJETOU-SE, SE ESTENDEU...
ESSA SOMBRA SOU EU...

* Damien Pacheco pertence a Academia Saltense de Letras



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