O COVEIRO
coveiro sem alma
ou alma empedrada
com calos na palma
da mão, na enxada
cavando buracos
não podem cavá-los
os mortos, são fracos
embora sem calos
não sentem as dores
não sentem mais nada
nem mesmo os horrores
da alma empedrada
usada, invivida
não vê em si próprio
o coveiro, sua vida
é grotesco ciclope(o)
de mágoas, que junto
co'a terra que rola
em cada defunto
sua vida se emola