distraida

saiu apressada

distraida

deixou parte da vida

pelos cantos da casa

a luz acesa

a cama desarrumada

armarios escancarados

vazios

os momentos de dor

os momentos de frio

e roupas caidas pelo corredor

nem tirou a mesa

nao lavou a louça

esqueceu a tristeza

e a bolsa

mas carregou com ela

meus olhos

meus pés

jogou no lixo os presentes

os aneis

rasgou poesias

cartas

fragmentos de papeis

fotografias

deixou as mentiras

levou as promessas

e a ira

nossas cenas de sexo

nossos abraços

deixou o meu dia confuso

marcas de passos

pensamentos sem nexo

esqueceu a escova de dentes

o secador de cabelos

e o pouco que restava do amor

deixou muita dor

me largando sozinho

mergulhado num terrivel pesadelo

quase morto

sem nenhuma roupa no corpo

aos prantos

com meu pobre peito aos trancos

levou meus discos antigos

alguns livros nao lidos

e carregou pra longe

não sei pra onde

o meu unico sorriso

essa mulher

sempre apressada

sempre distraida

não me deixou

um beijo sequer

na despedida

jose luis lacerda
Enviado por jose luis lacerda em 10/09/2009
Reeditado em 11/09/2009
Código do texto: T1803337