Velório
Certos pensamentos causavam vertigem,
Escrever podia ser melhor que dizer,
Devaneios e inquietude me perseguem,
O vinho já não me causava tanto prazer.
Uma expressão triste tomava meu rosto,
Desejos, esperanças e prazer acabaram-se,
E agora no sarcófago? Resta meu desgosto!
Vida, triste existência, melhor não tê-la.
Meus sentimentos, frio punhal
Que me cortou, o frio,
Sinto o frio mortuário...
Uma dor toma meu ser.
Não há inocência,
A esperança está morta,
Aceito meu destino,
Vou morrer.
O cemitério está nebuloso e enfeitado
Com velas e flores, em lindo sarau,
Com artistas exóticos e soturnos,
Meu funeral: o fim de minhas dores!
Clamo por aventuras, eis o fim!
Da mortalha fiz capa e dancei
Dancei entre os que se foram.
Vinho, velas, neblina e artes
Embalaram o velório.
A última festa entre amigos
Que há muito tempo me deixaram,
Observei minha mumificação
E notei que já fui amado.
- Mensageiro Obscuro.
Maio/2007.