Velório

Certos pensamentos causavam vertigem,

Escrever podia ser melhor que dizer,

Devaneios e inquietude me perseguem,

O vinho já não me causava tanto prazer.

Uma expressão triste tomava meu rosto,

Desejos, esperanças e prazer acabaram-se,

E agora no sarcófago? Resta meu desgosto!

Vida, triste existência, melhor não tê-la.

Meus sentimentos, frio punhal

Que me cortou, o frio,

Sinto o frio mortuário...

Uma dor toma meu ser.

Não há inocência,

A esperança está morta,

Aceito meu destino,

Vou morrer.

O cemitério está nebuloso e enfeitado

Com velas e flores, em lindo sarau,

Com artistas exóticos e soturnos,

Meu funeral: o fim de minhas dores!

Clamo por aventuras, eis o fim!

Da mortalha fiz capa e dancei

Dancei entre os que se foram.

Vinho, velas, neblina e artes

Embalaram o velório.

A última festa entre amigos

Que há muito tempo me deixaram,

Observei minha mumificação

E notei que já fui amado.

- Mensageiro Obscuro.

Maio/2007.

Mensageiro Obscuro
Enviado por Mensageiro Obscuro em 10/09/2009
Reeditado em 10/09/2009
Código do texto: T1802567
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