Clausura da alma
Olhando a vida da gaiola do tempo,
ele viu o tempo passar.
Viu também sua vivência,
a total decadência
de um corpo cansado.
Aquele homem, enclausurado
em sua própria redoma,
em quase estado de coma,
chorava vendo a vida lá fora.
E pensava: E agora?
A gaiola não estava trancada,
trancava apenas o seu medo.
E seu maior segredo
guardava no peito,
guardava sem jeito.
E a gaiola não estava trancada!
A vida inteira faltou-lhe coragem
de abrir a gaiola,
e sair da clausura.
Visão embaçada, miragem!
E a gaiola não estava trancada.
Trancada estava sua alma
naquela prisão escolhida,
que foi toda sua vida
passada, batida,
perdida.