À Platéia quem somos...
Obs: o poema é o prefácio para uma performance do grupo di-Versos, (12 poetas) que realizam apresentações em eventos culturais em Porto Alegre/RS.
A palavra anunciada é o próprio espetáculo: senhoras e senhores recebam os bardos...
Dos apóstolos a poética reverbera...
Doze faces esplendidas de poesia!
Em performances, de verbos os mais amorosos e transitam as esquinas do Delírio, lá onde se versa pela verve de diVersos...
Testemunha quem espia o próprio corpo
(morada de um coração aos saltos)
e os tira para dançar...
Entrementes o que melhor define os poetas (ademais de terem o pensar em chamas) as criaturas coligem sonhos...
E hoje diante de vós derramam-se na mais bruta calidez, essa palpável intenção de encantar:
Colheita de mel - doce delírio
anseio por repartir os grãos.
O Poema beirando à Fábula
um Conto para ser e viver
absoluto instante - magia!...
E o que vem de ser o Ser platéia? Em exercício de paciência? Receba-nos, em poema-verso-rima... e no fim do espetáculo, cingir as criaturas entre braços, e os beijos...
Observação de suma-importância.
Atentar para a bio-bíblio-grafia:
(elementos dão forma e cor
à paisagem de seu dia).
Bom espetáculo - no palco a primeira criatura do delírio:
1. Preclara - despe-se das mágoas e veste asas... Em ânsia de poesia a bela roça o inatingível. Com mãos em exercício de rosa, deita perfume sobre a platéia. Em êxtase... (...).
2. De voz cândida, olhos em caminhos de mar... Narra sobre embarcações do desejo: - “Vi e eram lindas e displicentes...”. Lírico – vai à praia levando no peito um cesto de lendas. O olhar resgata as amadas e juntos passeiam pelas estações do lembrar.
3. A dama desliza como se desenhasse espirais no palco. Aceita (da platéia) gracejos e predica pelo gozo no deslizar em fábula... É quando o verbo insinua-se, força - ação - o gesto vibra... E o poema? - “Às 5 da tarde, hora do chá! “.
4. A máscara é artes de personagem. Com que então na roda viva da vida, é persona. E consta no rol das peripécias teatrais. Entre amigos de quisilas, espanta aborrecimentos. Gesta criatura no palco de sua paixão. A lágrima é por saber: “no mínimo, estou entre dois amores”.
5. Caminha pelo mundo das arestas ao ponto médio: destecendo ruínas (de madrugada) encontra o norte. E despede-se da noite, volta aos seus. Exausta de cansaço e em desalinho de poesia, dita à página em branco, “mais uns versos antes do amanhecer...”
6. Entre tantos e a necessidade de fortaleza... Para um abrigo macio e morno a Luche é anfitriã. Generosa, uma ode oferece ao sol, outra aos amigos. Todas as manhãs os braços confirmam o que a boca diz, em versos brandos... – “Ah! Meus amados, como é grande o meu querer-lhes...”
7. Examina um leque, experimenta rimas. Retira música de entre as pás do vento. O texto é leve, raras vezes triste. E não dá descanso aos verbos. A grita do dia tira de letra e volta para casa quase libélula. (...).
8. Quem mais poderá evitar a guerra ou salvar-nos do tédio, entre a rima e o fim do verso? Onde o silêncio cai mais pesado sobre a criatura um rapsodo narra sobre a velha Grécia: alto lá... - “Atenas, tão branca, fragmentos de eternidade, de glórias e mitos..." - "Atenas, tão branca...”
9. Com palavras-caramelo (doce de sutileza) desenha os contos no ar. Ameniza a labuta dos dias, tecendo versos em seu pensar... E investe contra as perplexidades do mundo. “É um eterno aprender/ensinar...” De saída para um cineminha, ou seria apenas um passeio? Ao encontrar uma criança de semblante sóbrio, diz - “é intervalo para o recreio !”
10. No silêncio acorda cantigas de ninar menino que não quer dormir. Revel parte em um barco-marujo, navega os rios do quintal. Insofrido renega a vaidade no homem e esculpe uma lua cheia no meio da crônica... “Meu mestre foi um índio-zem”.
11. Versana – todavia tem domínio sobre a engrenagem. O texto fia em versos ardidos. O fio do sonho principia no ponto mais fundo do ser... Desata a paixão de escrever e sofre os poemas. Diante do espelho, pinta-se para mais um auto-retrato em tintas de poesia.(...).
12. E você? – “Eu?” – “Eu sou a que desperta ao amanhecer... Para dar bom dia aos pássaros... Mapear umas trilhas? E um dia pelos antigos rastros, quase apaziguada, voltarei a ti... Mãe das criaturas!
Será quando silenciarem meus sustos?... Eu - um embrulhado de encantamento, suja de terra e os cabelos em desalinho... E quem sabe talvez outra vez gestada em teu ventre? No mais absoluto suspiro e vontade de em nova-paisagem existir...