LEMBRANÇAS

No céu o infinito, no chão o firmamento

Campos verdes, extensos, quase sem fim

Em sintonia ouvem o nhambu, a rolinha e a seriema

E, ao longe o sol, mesmo sem querer,

Da sinfonia participa e parece ser maestro.

Ao longe a paineira, imponente

Fazendo sombra, com grandes galhos e fartas folhas

Em cuja refrescância, descanso.

Descanso a alma, e o infinito observo

Num torpor, como se ele eu fosse

Meu olhar nele se perde,

Na relva deito, me deleito e choro.

Aquilo tudo me pertence

E como o filho que retorna ao lar distante

Dou um abraço insano, parecendo criança a esperar um beijo quente

Na mata brilham douradas borboletas,

Beijando as flores chapiscadas de orvalho

De várias cores, formas e tanto

Que deixam a brisa leve, perfumada e mansa

Passarinhos de todas as cores

Riscam o riacho, de águas claras, ligeiras e profundas

Beijando seu leito numa interminável ciranda

Fazendo festa, com sua prole a observar do ninho

No ar observo o vôo da Juriti

Parecendo que o céu lhe pertence,

- Bate as asas, rainha da mata!

- lança teu corpo no firmamento, azul, infinito !

Agora com o olhar tristonho

Da fresca e farta sombra me levanto,

E num suspiro sôfrego, cortado e profundo,

Deixo para trás a beleza do campo e penso:

Triste dia em que te deixei, inconsciente

Para lançar-me em vôos cegos e longínquos,

Antes tivesse, roto, na mata ficado

E absorvido lentamente a beleza que tu me deste.

Sávio Henrique Pagliusi Lima
Enviado por Sávio Henrique Pagliusi Lima em 08/09/2009
Reeditado em 08/09/2009
Código do texto: T1798604
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