Espanto

Espanto

Onde anda a barata que rondava a minha cerveja,

que lambia o meu destino, língua áspera,

roçando o meu orgulho?

E a treva na esperança? O câncer no espírito

roendo a minha fortaleza, deixando-me alheia de mim mesma, frágil, demente?

Onde se esvai o meu tempo?

Onde o relógio do mundo?

Pulsa o meu instante de amar, viver e crer que os poetas permanecem

loucos

ante a sozinhez das cidades inatingíveis.

Meus pés passeiam luas, desordenados, tristes e sós.

E eu? Como desvendar o mistério das cavernas?

Como me livrar do emaranhado da morte? Meus olhos acendem a madrugada,

buscando formas e cores que mesclam entre o medo de ir e a urgência de ficar.

O que fazer com o sexo? Alienado, complexo, sem nexo,

preso na moldura de minha visão mais pura.

Se o sexo não vai bem, a angústia vivifica.

Na boca, um gosto de noite,

de grades na alegria.

A grandeza do sexo borda a nossa poesia e ela cria asas, dança rock and roll,

overdose que o corpo purifica,

lavando o azinhavre da alma, da cabeça

espessa, avessa.

Nem Freud explica!

Marilia Abduani

Marilia Abduani
Enviado por Marilia Abduani em 07/09/2009
Código do texto: T1797958