EU SOU TUDO ISSO

Eu planto flores, eu planto palavras,

Eu semeio hortaliças, eu semeio o amor,

Eu faço punhal que no meu peito cravas.

Eu derramo o sangue de vermelha cor,

Eu peregrino no tmpo e estendo a mão,

Esmolando a espórtula para a santa caridade.

Em nada encontro, um nada em vão;

Eu saúdo a tristeza, eu saúdo a saudade,

Eu compro o que vendem e os dou de graça.

De minhas roupas pobres faço um leilão;

Não me rndo diante a miséria, diante a desgraça.

Sou solitária como um fantasma no salão,

Onde cadeiras desmancham por falta de assento.

Sou o pó da estrada onde a chuva não cai.

Meu eco se perde no espaço levado pelo vento.

Sou andarilha imaginária de um sonho que vai

E perde em cada rosto encontrado na multidão.

Sou o lamento chorado em forma de poesia,

Sou o gemido noturno - a própria solidão -

O abandono transformado em hipocrisia.

Dionea Fragoso
Enviado por Dionea Fragoso em 06/09/2009
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