INSUBMISSÃO

"Na verdade, as mulheres são forçadas a vestirem o véu do falso pudor. A maturidade consiste em aceitar as qualidades e defeitos do parceiro (a), na medida em que juntos crescem nas diferenças e similaridades. O macho alfa quer a mulher liberada, mas receia por associá-la à promíscua, incapaz de suportar a frustração sexual, portanto, receptiva à sedução de qualquer homem. Na realidade, devido a sua prepotência, o homem teme ser comparado e a mulher experiente é mais apta para isso, enquanto que uma outra, totalmente subjugada, mantém o status quo do macho."

Você não quer minhas unhas vermelhas,

mas vou tirar teu sangue ainda que me doa,

e vou pisar teu nome, com mil maldições!

No mesmo coração onde se aninham anjos

na certa há demônios, basta provocar.

Você não quer a minha insanidade,

meus versos estufando as velas

por estas águas do sem fim onde navego.

Você me quer domesticada fera,

por que tem medo do meu aconchego?

Você desenha o meu arco-íris,

escolhe os ventos que levantem meus cabelos,

mas não os quer erguendo minhas saias.

Eu já aprendi como dobrar tuas vontades

e te amarrar bem firme neste mourão,

farei de ti escravo espancado,

por um feitor cruel e bravo,

que açoitará você no coração.

Não há melhor ensinamento neste aprendizado

que te fazer beber na taça do desprezo

e exigir perdão em altos brados.

Você me quer domesticada, insossa,

por que tem medo de se ver tão preso?

Atando o laço ao meu pescoço esperas,

botar cabresto e fugir dos riscos.

Que não te venha entanto essa quimera,

pois não serei escrava em tua casa,

nem uma fria estátua nos teus moldes.

E toma tento, anda, vai mais devagar;

se te enterneces com tal rapariga,

feita nas cores pelos teus caprichos,

sei que bem outra te apaixona e tanto,

a que provoca e mostra suas unhas,

te faz escravo como qualquer bicho.

Deixa que eu solte meu cabelo ao vento,

que a chuva molhe o meu corpo inteiro,

e ao repousar nós dois no bem mais tarde

você me abrace docemente terno

e tua cabeça no meu travesseiro,

as minhas mãos a deslizar fazendo

muito carinho nestes teus cabelos,

num aconchego neste fim de tarde,

o sol morrendo lá pro fim da linha...

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julho de 2007

tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 06/09/2009
Reeditado em 22/05/2011
Código do texto: T1795769
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