POESIA DO FUTURO

olho pro céu, a Lua procuro

eu quero um verso, uma inspiração

não posso vê-la, está tudo escuro

como rimar assim na escuridão?...

Mas que bobagem eu tentar buscar

versos na Lua, como há mil anos

pois para ela já nem posso olhar

ela tem dono:- é dos americanos...

Talvez em Marte encontre uma rima

num telescópio enorme, gigante

e possa então trazer lá de cima

um lindo verso à minha amada-amante...

Ou em Saturno busque um lindo anel

eu quero vê-la bem feliz, contente

mas, como faço, se nem vejo o céu

está tudo cinza aqui na minha frente...

Mas é ficção essa minha vontade

já povoaram, sim, todo o universo

em cada estrela, existe uma cidade

e poluiram, assim, todo meu verso...

E foram embora, fugiram da terra

e nos deixaram aqui abandonados

hoje meus versos só rimam com guerra

com rios secos, desertos, acabados...

resta o universo do meu pensamento

meu coração de plástico, implantado

o tempo é curto, um sopro, um lamento

eu sou poeta, um robô manipulado...

Eu sei são raros esses meus dias

há muito sou uma espécie em extinção

não faço versos, nem rimas, nem poesias

não sei rimar amor com poluição...

Mas quando eu for um fóssil, assim na mesa

meu esqueleto, de pé, sendo estudado

eu peço a Deus um sonho, a realeza

de ter seus ossos, amor, bem do meu lado...