Fardo
A vida equilibra-se
Nas tranças do tempo
Procurando fugir
Das armadilhas
Abre caminho
Na imensidão dos espaços
Sem aldravas, mas,
Com dureza de pedra
Cada qual com seu destino
Cumpre sua rotina
Passa por onde quiser
Ou permanece parado
Esperando o que vier
Somos retirantes
Desde que nascemos
Carregamos nosso fardo
Cada vez mais pesado
Cada vez mais inútil
O poeta carrega apenas palavras
Empilhadas nas rimas
Dos versos que faz
Pela noite arma seu tablado
Na lona celestial
Forrada de estrelas
E cortinas de prata
Sonha, vai ao infinito
Sem sair do lugar
Não se prende a bens materiais
Em seu fardo, papéis e canetas