p mendigo e o cidadão
o sol se levanta , sobre uma cidade imersa
sobre o teto esqualido , abandonado
sobre as lajes , sobre os lares
dos ricos
sobre o tumulo dos mortos
uma nuvem si dissipa , lenta, levada pelo vento,
pela brisa, nas horas mornas e mortas de todo um dia
e enquanto isso, ele dorme , deitado, enrolado
em jornais,
ontem foi tropego, antes? ninguem sabe , saberá
ou quisera saber, no meio de um telefonema , por detras
da janela fechada de vidro de um carro, parado no semaforo
do canto da bom jardim , com a independencia
o mendigo e o cidadão , desconhecidos e vivos
cada um a seu modo
um objeto o outro dejeto
de uma sociedade capitalista , e consumista
ele dorme, anestesiado,o outro tambem dormiu
seu rosto é palido, todo ele muito magro,
parece torto, ali, no chão a pouco muito gelado,
de uma madrugada fria,imagem do descaso
da sociedade.
que vigorosa, depois de uma noite maravilhosa
ri, e joga fora o resto do lanche, que comeu apressado
porque é preciso trabalhar,lucrar, gastar, e depois morrer.
de onde eles estão se vê o horizonte para o cidadão
e o azul do céu para o mendigo
semi nu , letargico e atormentado por visões
destinos diferentes, marcados e marcantes
rotas opostas , para dois seres humanos
brutalizados porem os dois
o cidadão e o mendigo
pela indeferença e pela violencia
da solidão em nossas cidades.