Ansiedade ( Resposta ao pedido de FABIO CARDOSO )
Nas ondas revoltas e frias dos mares
Meu barco era desprovido de conforto...
Na ânsia desvairada de chegar ao porto,
Era necessário dissipar o redemoinho dos sentimentos fugazes.
Na escuridão infinda das madrugadas ao relento
Ouvia-se a agitação dos fortes açoites...
Meu barco trepidava no frenesi das noites
E a Lua espalhava seu brilho associada aos ventos...
Meus pensamentos denunciavam os perigos
Do silêncio ensurdecedor das madrugadas;
A distância sonora e fria das alvoradas
Deixava-me o coração impaciente e incontrito.
Ao raiar dos dias novas esperanças despontavam
E minha ansiedade se associava ao medo...
Será que conservaria intactos meus segredos ?
As nuvens ressabiadas e amedrontadas me incorporavam...
Após tantas madrugadas à luz da Lua,
Meu barco serenou devolvendo-me a consciência...
O almejado porto despontou com eloquência
E minhas palavras se despiram das inconstâncias nuas !