Ao meio
Em parcas percepções do que vejo
limito-me a esquecer
igual a alguém que, em desespero,
prende-se a fantasias
numa tentativa de redimensionar
o íntimo inteiro.
Com um olho que ri
e outro que chora
minha Alma enxerga a metade
de uma imagem que se escolhe
como quem, ao morder uma maçã,
engole uma parte
e, a outra, cospe fora.
Em meio às agruras vãs
de um íntimo desconforme
um lampejo da Razão emerge
para que a lucidez retorne:
percorro o Ser que ainda lateja em mim
até que o Nada em nada me transforme.