DESESPERO
Ainda existe amor?
A dor e o descaso
a indiferença
de nascença
que me assola
a desesperança
mundo violento:
pessoas são nada,
não valem nada!
Ainda existe fé?
As pessoas não valem nada,
são guimba de fumo
catadas na sarjeta
em abrigos de ruas,
das marquises,
das mendicâncias,
das meretrizes
Ainda existe esperança?
apesar de mim
minha pequenez
minha fraqueza
minha covardia
ante os desafios,
pois estou, simplesmente,
trancado neste quarto de hotel!
Ainda existo?
não tenho amor,
não tenho fé,
não tenho esperança,
sou incompetente!
Não faço nada,
eu não sou nada
não consigo nada
a não ser conversar
com esta folha de papel,
que não reclama,
pelo contrário, me chama
pra que eu lhe escreva:
ela é carente
tem vida própria
e eu sou fraco, um pária,
não consigo mudar tantas coisas!