ESCRAVIDÃO

Escravo da tinta e da escrita

rabisco o tempo passado

Me encravo na palavra dita

Por mim, dito e lembrado

Sem esforço me prendo no tempo

Acorrentado e preso, me sinto

Tento sentir mais sabores do vento

Sorrir, me alegrar, mas eu minto

Tentando, talvez, me iludir

Escrevendo em folhas escuras

Tentando, em vão, descobrir

Palavras mais doces e puras.

Mas me prendo num elo maldito

De aço, de ferro, na alma

E quando me olho, me fito

Escritas... nenhuma me acalma.

Correntes nas mãos do escravo

atoleiro pesado, sem fim

No papel as palavras eu cravo

Palavras, cravadas em mim.

Sávio Henrique Pagliusi Lima
Enviado por Sávio Henrique Pagliusi Lima em 04/09/2009
Reeditado em 11/06/2011
Código do texto: T1791818
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