XEPA NA VIDA

Fui fazer a xepa

Numa feira de rua que findava

Achei coisas boas de levar comigo

Achei outras que prefiro deixar

Como se todos já se fossem

As barracas já não tinham conteúdo

Eram apenas lembranças vazias

Restos de cores, gostos, odores

Que outros levaram e não cheguei a ver

Esta feira da vida que só se pode vislumbrar

Se percebe pelas pistas do que já não se pode ter

Os feirantes promovem o final

Como amigos que já não se encontram

Recolhem suas bancadas vazias

Nem mais pastel se vê

Agora acabou

Não se pode chegar tarde na feira

Não tão tarde

Xepa é Xepa

Fim é Fim

A feira finda

A vida acaba

A rua se faz deserta

Os carros passam

Nem sinal mais de feira

Nem sinal mais de vida.

Guilherme Azambuja
Enviado por Guilherme Azambuja em 03/09/2009
Código do texto: T1791297
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