Javali Quebrado

Caneca vazia na sombria taverna

Lua encoberta, frio lascado com a garoa,

Metade do néon em curto, luz resvalada,

Na mesa tosca, tábua de frios a granel,

O tempo olhando à corrida da noite,

Pequenas conversas para poucos assuntos

A cara mais amarrada pedindo vinho

Enquanto o assado não é servido

O coração está feito um pedinte

Muitas esquivas & um fortuito medo

Leve abertura na porta, corpo indeciso,

Pensando muito para se aproximar,

Olhos assustados para esconder vontades

Tremor no lábio, trocando palavras,

Um sentido travesso para ter & querer,

Disfarces em formas de dores invisíveis,

Carregando tantas nódoas do passado,

Um calor queimando pelas coxas

A assado acaba de chegar trinchado,

Mais vinho para encher as canecas,

Muita roupa disfarçando o nervoso

Fartou-se com a comida quente servida,

Relaxou um pouco se recontando na cadeira,

Nada falava, mas o rosto dizia tudo,

Esperava com certa impaciência algo

O canto dos olhos tremia um pouco mais,

Toda a ação que o corpo pedia em cada fibra

Uma gota começa a roer o espaço, fria,

Com um destino incerto, talvez o chão,

Buscando o ar, a pálpebra ventila,

Mais parece um cisco vindo para a íris,

Sentindo um sorriso no canto da boca,

Com um breve olhar de soslaio à porta,

Percebeu que a noite não seria sua...

Outra iria se fartar também na mesa

O peito latente fremia com suas ânsias

Queria esse colo & muito carinho...

Terá que esperar sentada!

Peixão89

Peixão
Enviado por Peixão em 20/06/2006
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