Constatação

E já não sonhas mais do que o possível
pois que abster-se do amor  é realidade cruel
o  cálice abandonado é ímã
e escarlate o sangue que espalha-se pela alma dilacerada.

E já não vês o tempo em que era possível
cantar o amor adolescente
esvaziar o peito e entregar-se às ternuras.
Tempo de florescer sem agonia.

E já não ousas cantar
Posto  que as lágrimas estrangulam o canto
e o pranto  algoz corre caudaloso e franco.
Salobro é o tempero do querer
Na  face a dor  esparrama-se.

E  no milagre já não acreditas
o vento apagou as pegadas
como seguir
se já não há  sonho, tempo
e a música emudeceu?

Fátima Mota
FATIMA MOTA
Enviado por FATIMA MOTA em 02/09/2009
Código do texto: T1789033
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