imagem retirada da internet

INSANIDADE

Eu ando por aí contando os passos,
contando as horas,
rezando o terço,
tecendo a vida sem endereço,
pagando o preço dos meus tropeços,
buscando a sorte depois da morte
para um novo recomeço.

Eu ando por aí contando estrelas,
soprando vento das minhas janelas,
cantando músicas que desconheço,
desenhando sombras com a luz de velas,
buscando abraços para os meus braços.
Minha alma está em alvoroço
porque a saudade ocupa todo o espaço
e, ainda por cima, dói doída no osso.

Perdi a senha da felicidade.
Perdi o rumo das minhas vontades.
Perdi a calma da neutralidade.
Perdi de mim, as minhas metades.
Insanidade será meu fim?
Fragilidades não me pertencem,
e delas, juro, não serei refém.
Sou ave branda que voa nas aragens.
Sou ave brava que enfrenta tempestades.
Sou um ser errático, lunático, dramático.
E se não sou fantástico, e não sou poeta,
a poesia é a culpada por eu ser assim.