ENSAIO SOBRE A MUDEZ
As palavras seguem em sua direção
perfura, envolve, sufoca, acaricia.
Como se não fosse importante o que sente,
como se a alegria não fosse suficiente
para aliviar o descaso de olhos observadores.
As palavras ecoam para sua confusão
agride, eleva, destrói, limpa.
Como se fosse interessante o falar por falar,
como se fosse absolutamente impossível aceitar
a solidão diante de tanta insanidade.
Convicto,
eu sempre torcia pelo meu fracasso
na busca pelo isolamento.
Convicto,
eu sempre suportei o cansaço
que envolvia o pensamento.
Hoje a chuva trouxe sujeira ao meu rosto,
mas lavou o que há de pior em meus olhos.
Entre as nuvens surge uma luminosidade
que nunca vai me atingir...
isso basta para que me sinta vivo.