HOMEM QUE BEBE E FOGE
 
Nunca sabe da vida, da lida,
Tem a memória perdida,
Foi quase um príncipe,
Uma grande obra esquecida.
Quase sempre foi quase.
Nas mãos somente a tremura,
Descascada sem pele, repele...
Os olhos marejados, calados,
A alma vazia adormece, apodrece,
homem que a vida esquece, merece?.
Bebeu todo o seu juízo,
Beberam todos os antigos,
Bebeu todos os amigos,
Não há mais amigos e inimigos.
Bebeu o amor da rosinha,
Ficou só a pobrezinha,
Perdeu tudo o que tinha.
Recebeu de deus o perdão,
Mas da vida recebeu não.
Antes a mesa farta,
Hoje a mesa tarda,
Não vale o ditado,
Tarda e sempre falha,
O homem que a vida malha.
Bebeu a vida e a morte
homem de muita sorte,
perdeu a vida e a morte,
bebe que bebe e foge.