TEMPO
Um dia a gente sente
O universo se faz diferente
É a modificação
É o deixar de viver à beira
Para viver em meio
É o abrir de um olho
E depois o outro
É condenar o tempo por não mais saber esperar
E por mais lento que parecia ser
Não foi suficiente
O aconchego perdeu seu preço
Não existe mais colo
O ritmo é acelerado
É a luta para sobreviver
Se agarrar à fé
Ou simplesmente desgarrar-se
É desprender-se dos contos
Para satisfazer-se com a própria história
Reescrevê-la várias vezes
Deparar-se com curvas e retas
Para enfim encher-se e esvaziar-se
Sempre com novo sentido
Criar a própria razão
E se manso for
Dar lugar à emoção
Assim abrigar-se no próprio ser.