É tarde
É tarde...
Uma estrela de brilho intermitente
Sinaliza no véu de abóbada azul algo incompreensível
Quebrando a gélida calmaria da noite...
É tarde...
E a madrugada de ar imponente
Escancara um silêncio ensurdecedor
Espalhando mistério sobre a cidade adormecida...
É tarde...
Ouço passos apressados de sobressalto e cansaço
Arrastando o medo ambulante a fugir das garras espessas
Dos fantasmas disformes das sombras da noite...
É tarde...
Os notívagos amantes sussurram juras de amor sob lençóis
Na cumplicidade da meia luz lilás do quarto espelhado
A refletir corpos cansados e felizes dos prazeres da noite...
É tarde...
Sento em tua cama... Acaricio teus cabelos... Velo teu sono...
No torpor que me invade beijo tua face...
Solfejo um acalanto em teus ouvidos
Adormecendo como um feto sob o abrigo de teu ventre ante a chegada impiedosa da manhã...