É tarde

É tarde...

Uma estrela de brilho intermitente

Sinaliza no véu de abóbada azul algo incompreensível

Quebrando a gélida calmaria da noite...

É tarde...

E a madrugada de ar imponente

Escancara um silêncio ensurdecedor

Espalhando mistério sobre a cidade adormecida...

É tarde...

Ouço passos apressados de sobressalto e cansaço

Arrastando o medo ambulante a fugir das garras espessas

Dos fantasmas disformes das sombras da noite...

É tarde...

Os notívagos amantes sussurram juras de amor sob lençóis

Na cumplicidade da meia luz lilás do quarto espelhado

A refletir corpos cansados e felizes dos prazeres da noite...

É tarde...

Sento em tua cama... Acaricio teus cabelos... Velo teu sono...

No torpor que me invade beijo tua face...

Solfejo um acalanto em teus ouvidos

Adormecendo como um feto sob o abrigo de teu ventre ante a chegada impiedosa da manhã...

Cosme Belizário
Enviado por Cosme Belizário em 19/06/2006
Código do texto: T178341