Aparente

Ah  essa alma que  freme insubordinada
Desejosa de lançar-se em queda livre.
Essa agonia que reverbera  o grito
e atraca flutuante na garganta estática.
Ah essa  dor escancarada que geme
implode o peito
 tudo que o olho consente.
Ah essa  in_certeza que toca o cerne da pele
E esse  corpo cheio de escaras

da sorte

da morte lenta
a cada dia bafejada
e grafada nas silenciosas despedidas.
Ah essa vida que cobre-se de pudores
arrebata-se em amores
e se deixa levar pelos contrastes.
tenho esssa  fé a desafiar  destinos
insurgentes, ora em mau  agouro,
ora em desvarios.
Ah  essa  poesia demente que principia
e adormece na pena

de um poeta em sua delirante lira.
Ah essa  invasão que dá vazão ao grito
quando a calmaria aparente

é apenas o  desassossego
que nos visita pelo avesso.

*Fátima Mota*
29/08/09