ALGO ALÉM QUE PALAVRAS

Não que haja

Alguém ou ninguém

Que aja

Sobre algo além

Não entendido

Ou inda a despertar

Ou distendido

Ou a apertar

No olhar, destruída

Toda essa verdade

De lei instituída

Com alarde

Na voz imbuída

De falsete tarde

Não comove

Nem a fé move

As ações, ah, as ações

Ou se perdem no vazio

Das emoções

Ou promovem arrepio

Nos pregões

E de saber isto

Criaram Mephisto

Construíram castelos

Palácios, templos e prisões

Iluminaram pianos e cellos

Violino nas canções

Se embebedam em vinhos

Em copos tortuosos

Tais como os caminhos

Por vezes tormentosos.

E aí ? o que nos sobra ?

Se a vontade cerceada

Sobre nós sossobra

De sangue ladeada.

O medo da sombra

Que só pelo nome

Nos assombra

e nos persegue, fome.

E fomos um dia

Mais um pouco adiante ?

Surgiu um guia

Para o levante ?

Qual essa magia

Salvação , povo errante ?

À espera de bandeiras

Nosso líderes

Cantam asneiras

À maneira dos títeres

E a nossa vergonha

De tão profunda

Amacia a fronha

Tão rotunda .