o estado bruto das coisas e o estranho estrado do acaso

no ponto,

o espanto,

o atraso

do ônibus

arrepia

a espinha dolorida,

desejosa de movimento

desamarrota

o corpo

que aloja

esse frio

que não é de fora

e sim de dentro

não tem ciroula,

cachecol ou lenço

que possa dá jeito, moço

entende que

corre um rio congelado

bem aqui dentro

aqui

no meu peito

logo ao centro

muita história

rola

com essas águas,

camarada

muita lama atola nessas águas paradas

o corpo alado, bélico

os punhos armados de vontade,

[porém de luvas

contra

o fogo

cerrado épico

das possibilidades

ainda obscuras

no todo,

espera e comedimento

nunca fizeram parte

do meu jogo,

não me dizem respeito,

não vejo

que exercem

a sua arte

com efeito

sobre o meu corpo esquivo

de trapezista.

se eu resolvo agora,

e solto a trave

soltar

ainda significa

que estou vivo.

viver é o preencher intrépido

entre se encontrar vazio

e se tornar completo.

Lynce
Enviado por Lynce em 29/08/2009
Reeditado em 29/08/2009
Código do texto: T1781614