o estado bruto das coisas e o estranho estrado do acaso
no ponto,
o espanto,
o atraso
do ônibus
arrepia
a espinha dolorida,
desejosa de movimento
desamarrota
o corpo
que aloja
esse frio
que não é de fora
e sim de dentro
não tem ciroula,
cachecol ou lenço
que possa dá jeito, moço
entende que
corre um rio congelado
bem aqui dentro
aqui
no meu peito
logo ao centro
muita história
rola
com essas águas,
camarada
muita lama atola nessas águas paradas
o corpo alado, bélico
os punhos armados de vontade,
[porém de luvas
contra
o fogo
cerrado épico
das possibilidades
ainda obscuras
no todo,
espera e comedimento
nunca fizeram parte
do meu jogo,
não me dizem respeito,
não vejo
que exercem
a sua arte
com efeito
sobre o meu corpo esquivo
de trapezista.
se eu resolvo agora,
e solto a trave
soltar
ainda significa
que estou vivo.
viver é o preencher intrépido
entre se encontrar vazio
e se tornar completo.