Os Direitos das Mulheres (de Anna Laetitia Barbauld)
Anna Laetitia Barbauld (1743-1825), foi uma poetisa, ensaísta, escritora de livros infantis e ativista política inglesa. Fez carreira num tempo em que mulheres escritoras eram aves raras...
The Rights of Women
Yes, injured Woman! rise, assert thy right!
Woman! too long degraded, scorned, opprest;
O born to rule in partial Law's despite,
Resume thy native empire o'er the breast!
Go forth arrayed in panoply divine;
That angel pureness which admits no stain;
Go, bid proud Man his boasted rule resign,
And kiss the golden sceptre of thy reign.
Go, gird thyself with grace; collect thy store
Of bright artillery glancing from afar;
Soft melting tones thy thundering cannon's roar,
Blushes and fears thy magazine of war.
Thy rights are empire: urge no meaner claim,--
Felt, not defined, and if debated, lost;
Like sacred mysteries, which withheld from fame,
Shunning discussion, are revered the most.
Try all that wit and art suggest to bend
Of thy imperial foe the stubborn knee;
Make treacherous Man thy subject, not thy friend;
Thou mayst command, but never canst be free.
Awe the licentious, and restrain the rude;
Soften the sullen, clear the cloudy brow:
Be, more than princes' gifts, thy favours sued;--
She hazards all, who will the least allow.
But hope not, courted idol of mankind,
On this proud eminence secure to stay;
Subduing and subdued, thou soon shalt find
Thy coldness soften, and thy pride give way.
Then, then, abandon each ambitious thought,
Conquest or rule thy heart shall feebly move,
In Nature's school, by her soft maxims taught,
That separate rights are lost in mutual love.
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Os Direitos das Mulheres
Sim, mulher injustiçada! ergue-te e assegure teu direito!
Mulher! há muito degradada, desprezada e vítima da opressão;
Nascida para reinar ao arrepio da Lei e do respeito,
Retoma teu império nativo sobre o coração!
Vá em frente vestida da panóplia divina;
Esta pureza de anjo que não admite desdouro;
Vá, oferece ao Homem soberbo renunciar à norma cabotina,
E do teu reino beijar o cetro de ouro.
Vá, cinge-te com graça; reúne tuas divisões
De brilhante artilharia que de longe aterra;
Fundindo suaves sons, trovejam os teus canhões,
Rubores e temores, teu arsenal de guerra.
Teus direitos são império: exigem não menor pretensão,
Sentida, não definida, e se debatida, extraviada;
Como mistérios sagrados, que ocultam-se da reputação,
Fugir da discussão, é a tática mais empregada.
Tente tudo o que engenho e arte sugerirem para dobrar
Do teu imperial inimigo o joelho teimoso;
Sujeito e não amigo, o Homem traiçoeiro vai se tornar;
Nunca deve libertá-lo de teu comando imperioso.
Atemorize o licencioso e restrinja o rude;
Abrande o mal-humorado, alegre o triste:
Faça com que teus favores sejam razão de solicitude;
Ela é um perigo, quem lhe resiste?
Mas, oxalá não, ídolo da humanidade cortejado,
Nesta orgulhosa eminência segura em permanecer;
Subjugando e subjugada, logo terá verificado
Tua frieza abrandada e teu orgulho fenecer.
Então, então, abandone cada pensamento ambicioso,
Conquistada ou governante, teu coração baterá sem vigor,
Na escola da Natureza, ensina-se de modo judicioso,
Que direitos separados perdem-se no mútuo amor.