Minha Asa
Suave pousou em mim.
Lânguida, deixou-se assim.
Trêmula, entregou-me segredos,
Sussurros do mar numa concha.
Sem palavras, contou-me coisas,
Sua alma soprou em meu peito
E como num transe perfeito,
Mostrou-me onde os sonhos nasceram.
À noite tirou-me o sossego.
No acaso virou-me do avesso.
Com fogo forjou-me no vento.
Leve atendi seus apelos,
Sucumbi a todos anseios
E tolo, em devaneio,
Deixei-me levar sem ardil
E do mesmo jeito que veio,
Cortando-me assim, ao meio,
Levou junto meus medos.
Arrancou de mim, minha asa
E com ela voou e partiu.