Reconhecimento

Reconheço-me na inconstância das sombras

suspiros débeis na ventania

dor lancinante que não mais soluça

as cinzas desta linguagem fria.

Reconheço-me no hálito azul

útero grávido no brilho dos dias

regalo rompendo estrelas

revelando cintilantes alegrias.

Reconheço-me nas melodias em tom menor

raízes em olhares latentes

acordes florescidos de esperas

na solidão dos amores, presentes.

Reconheço-me nas palavras indomáveis

que na primavera evocam flores

nos horizontes singrados de ocasos

corpo de luz aberto em cores.

Reconheço-me na nudez das entrelinhas

onde verseja a inocência

na branda e despudorada verdade

que na linha desconhece analogia.

Reconheço-me no eco calcinado

no sossego de um grito perdido

sou desejo em vôo alçado

pela força da pedra, vencido.

Denise Reis - 3°lugar Conc. Aureliano Pinto- Santiago