IMPERATRIZ
Alma presa a um corpo nulo,
tão maior e complexa,
inflexa, morta-viva
dormente em casulo...
Mulher por dentro,
fora de si.
Cativa pertença do homem,
fêmea sempre ali
presente-ausente,
anuente sem crença.
Mulher matriz,
aquém de si.
Fonte de prazer
e do poder que seduz,
mantida na exclusão
é pecadora-inocente,
uma força motriz
que ignora a si.
No silêncio e na escuridão
mas do tempo persistente aprendiz,
surge agora renascida
a mulher raiz,
senhora do próprio corpo
e dona de si, imperatriz.
Lina Meirelles
Rio, 26.08.09