CARRASCO ALADO
Voa alto, garganta aberta, agressivo,
de bárbaros costumes, forte seu eco ressoa;
caçoa dos ermos felizes,
de castos vernizes tingidos de verde.
Na proa gira a cratera cubando o alvo
e do alto das nuvens despenca
penteando encrencas na funda planície.
A boca suja de sangue e de morte embebida
na própria ferida da terra inerme, mordida de guerra, sem armas.
E o carrasco era o lobo e o lobo era o cão,
o Catarina malvado chamado tufão.
... e o corcel sem asas, alucinado voando,
mascava o freio babado de fogo e sangue,
levando às gentes do mangue as dores caiçaras.
de mar alto a onda gigante seu peito estufa,
esbraveja e bufa seu poder de triste memória;
arremete com fúria e devasta a natureza,
desova tristezas escrevendo a história.
Da alma vegetal in natura os elementos
são arrancados na base e jogados ao alto;
gravetos ápteros dançam nas nuvens ao sopro da flauta do vento;
a natureza viva silencia suas vozes,
se esconde no mato à proximidade da fera.
E a fera era o lobo e o lobo era o cão
o Catarina malvado chamado tufão.
Vejo o vento fragmentando a maresia
a areia da praia esfarela a brisa;
árvores, inda verdes as folhas,
levitam qual rolha nas frestas do ar .
E a boca do lobo nas costas do mundo
crava bem fundo os dentes da morte;
e o vento verseja atrozes vertigens
nas próprias origens da paz o do amor.
Infensos os velhos e orvalham meninos o buço
e a terra soluça o pranto do medo;
as casas quebram joelhos e se debruçam,
dobram os sinos e choram nos lares feridos e mortos;
... o carrasco alado sem asas sua fome sacia:
devora a savana e cospe ondas de areia na encosta da serra.
E o vento era o lobo e o lobo era o cão
o Catarina malvado chamado tufão